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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Lixão de Gana.

A carcaça de um monitor conta bem o final da história: os computadores usados em países desenvolvidos, depois de virar sucata, foram parar na África.
Na imagem, os meninos desmancham monitores CRT em busca de metais, em Gana - mais precisamente em um lixão de Agbogbloshie, subúrbio da capital, Acra. O cuidado ao realizar a fotografia permite apreender, aos poucos, muito mais sobre a cena.
Partindo da estética construída pelo fotógrafo, podemos fazer uma leitura da imagem: o que primeiro nos chama a atenção são os meninos, mas logo percebemos que eles estão cuidadosamente enquadrados por um monitor sujo e quebrado. O que procuram? A própria foto nos dá indícios: ao lado do monitor há algumas peças jogadas.
Instintivamente, corremos os olhos pelo chão e notamos que se trata de um lixão. Nesse ponto, porém, não distinguimos restos de comida, mas, sim, de equipamentos eletrônicos. Procuramos por outras pessoas e percebemos, com a linha do horizonte longe, a amplitude do local.
Essa foto traz uma realidade distante do leitor ao qual se dirige: o destino do lixo eletrônico que ele produziu e que atravessou o oceano antes de ser descartado e poluir o meio ambiente.
Segundo a Agêndia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, mais de 100 mil toneladas de lixo norte-americano foram enviadas para fora do país em 2005. Talvez esse monitor seja parte disso.
A foto documental acima faz parte de uma série de imagens produzidas por uma agência britânica, e que você encontra em www.andrewmcconnell.com/gana.html.
Boa reflexão!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

"13 de maio... dia de quê?!"

Pois é, alguns até tem uma vaga lembrança mas, para a maioria esmagadora das pessoas a quem dirigi a pergunta ontem, tratava-se de um dia como outro qualquer.
Custo a acreditar!
O 13 de maio, aniversário da abolição da escravatura no Brasil, "Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo", como decretado recentemente, nada representa para a maioria dos brasileiros?
É o que parece. Nem de longe as ruas do Rio de Janeiro nessa quinta-feira de céu azul, lembravam o dia festivo em que se reconheceu oficialmente o direito à liberdade dos negros escravos no Brasil!
Vejam vocês!
À procura por reportagens, notícias, enfim, qualquer referência à data na imprensa escrita e telejornais... nada! Apenas um artigo, quase esquecido na seção Opinião do Leitor, do Jornal O Globo, curiosamente escrito por um professor de História, como eu indignado com o esquecimento da nação!
Resolvi, então, compartilhá-lo com vocês. Espero que gostem.
Boa leitura e reflexão!

"Hoje, 13 de maio de 2010, li mais um artigo sobre a questão das cotas e das políticas raciais do atual governo, escrito pelo acadêmico Demétrio Magnoli. Devo dizer logo de saída que concordo com a afirmação de que a política do confronto não é a melhor solução para o problema do preconceito racial no Brasil. Contudo, negar a profundidade desta questão (e não estou afirmando que Magnoli faz isso), também, em nada contribui para a superação deste problema.
Resolvi escrever este texto para relatar uma situação que ocorreu comigo ano passado, e que pode jogar um pouco de luz sobre o assunto. Sou professor de História, atuante no ensino superior, na formação de professores da área, e, desde 2008, professor da rede municipal da cidade do Rio de Janeiro. Devo dizer, também, que sempre fui contra a política das cotas raciais, colocando-me como favorável às cotas sociais, por achar que estas seriam mais justas e corrigiriam uma deformidade do sistema de acesso às universidades públicas no Brasil.
Ao final do terceiro bimestre do ano passado, apliquei aos meus alunos(as) do nono ano uma avaliação que continha a seguinte questão: "Observe a letra da poesia satírica publicada em 'O Monitor Campista' em 1888: 'Fui ver pretos na cidade / que quisessem se alugar. / Falei com essa humildade: / - Negros querem trabalhar? / Olharam-me de soslaio, / E um deles, feio cambaio, / Respondeu-me arfando o peito: / - Negro, não há mais não: / Nós tudo hoje é cidadão / O Branco que vá pro eito.[...]' Escreva uma redação falando sobre as consequências da escravidão que ainda podemos sentir na sociedade brasileira".
Baseado no que havia trabalhado com eles em sala, esperava que surgissem respostas estabelecendo a ligação entre a situação dos ex-escravos e a pobreza no Brasil contemporâneo. É lógico que esperava que aparecessem também redações falando sobre o preconceito racial no Brasil. Para a minha surpresa, a totalidade das respostas tratou do preconceito racial no Brasil, das experiências de discriminação sofridas por eles , ou por pessoas ligadas a eles. Se ressentiam não apenas do preconceito vindo "de cima", dos mais abastados, que se expressa combinado com o preconceito contra a pobreza, mas daquele que aparece nas relações cotidianas, nas "brincadeiras" de colegas, de vizinhos, das ofensas racistas proferidas em momentos de tensão.
A escola onde leciono fica no bairro de Bangu, e tem como clientela a população de várias comunidades pobres que o circundam. A maioria dos alunos(as) é composta de negros e mulatos. É interessante notar que mesmo os alunos(as) brancos seguiram a mesma direção em suas redações, o que pode servir para a reflexão sobre o caráter social da cor.
Tocado por esta resposta dos alunos(as), resolvi modificar todo o planejamento para o quarto bimestre, para estudar com eles a luta contro o preconceito racial, abordando o fenômeno nos Estados Unidos e no Brasil. Logo surgiu uma dificuldade, o livro didático adotado pela escola (o "Projeto Araribá"), que considero de razoável qualidade, não trazia nada sobre o assunto. Os autores do livro devem ter considerado o tema irrelevante para se compreender a sociedade contemporânea. Como historiador, isso não servia como desculpa para mim, e pesquisei os temas em outras fontes e fizemos o trabalho.
A receptividade foi muito boa. Utilizei como avaliação a elaboração de cartazes que tinham como o tema "O dia nacional da consciência negra", a partir dos quais fizemos uma exposição nos murais do colégio. O resultado foi muito positivo, não só pela qualidade do material, como pelo envolvimento dos alunos(as), que demonstraram um interesse no conteúdo das aulas, que até então não havia acontecido.
Refletindo sobre todo este processo, constatei uma grande diferença na percepção que eu tinha sobre o racismo na sociedade brasileira e a que os meus alunos(as) possuíam. Eu, como a maioria dos brancos de classe média, mesmo os mais progressistas e conscientes, percebemos o racismo como algo eventual. No Brasil, para nós, apesar do forte preconceito racial, não haveria a disseminação das praticas racistas. Estas seriam apenas eventuais. Os meus alunos(as) me mostraram, que não é bem assim, para eles estas práticas são cotidianas. Eles as enfrentam todos os dias. A minha convicção contra a política de cotas raciais ficou definitivamente abalada. Não sei se as cotas vão resolver o problema, acredito que não, mas com certeza terão o efeito de demonstrar a estes jovens que a sociedade brasileira é para eles também. Que as suas dificuldades e necessidades estão sendo atacadas, e que a sociedade reconhece que falhou com eles, e que precisa reparar este erro. Voltando ao artigo de Magnoli, não é necessário "ensinar o ódio", os meus alunos já aprenderam sobre ele em seu cotidiano.
Para terminar, é lamentável que em toda a edição do jornal (segunda metropolitana) não haja nenhuma referência à abolição da escravatura (com a exceção ao próprio artigo citado). Não estou acusando o jornal de preconceito, ele apenas reflete a marginalização que a data sofre hoje em dia. Os militantes da causa negra preferem o dia 20 de novembro, e os contrários às cotas devem achar melhor não colocar lenha na fogueira.
Eu, no entanto, acredito que um caminho possível para a superação do impasse, em relação à data, seja uma nova interpretação, já apontada pelos historiadores acadêmicos. A abolição não foi o dia em que "a Isabel a heroína, assinou a lei divina" (como dizia um samba antigo), mas sim o dia em que a sociedade escravista capitulou frente a resistência dos negros escravos, que se recusavam a continuar trabalhando para seus senhores, e frente a resistência dos brancos progressistas que exigiam igualmente o seu fim. O Treze de Maio não foi um ato de benevolência, foi uma conquista, e como tal deve ser sempre lembrado.
Prof. Ricardo Santa Rita Oliveira"

(artigo retirado de O Globo, 13/05/2010, http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2010/05/13/treze-de-maio-o-preconceito-racial-916572875.asp)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Só em filme mesmo?

A partir de hoje o Brasil terá seu primeiro presidente negro.
Calma! Você não enlouqueceu, as eleições acontecem apenas em outubro e até agora não há nenhum candidato com essa característica.
É que no filme Segurança nacional, uma das estreias do dia, Milton Gonçalves interpreta o Presidente Dantas. Só que para o ator, o que está prestes a acontecer nas telas ainda não passa de um sonho distante na vida real.
Milton Gonçalves em cena do filme "Segurança Nacional".

— Acho que não vou viver para ver um presidente negro no Brasil. Não tenho esta esperança. Vivemos num país de alienados. Além do mais, nós negros não estamos unidos neste sentido. Basta ver nas assembleias, prefeituras e câmaras municipais, somos sempre minoria — diz Milton Gonçalves, que em 1994 foi candidato ao governo do Rio, mas teve apenas 4,5% dos votos.
Para o ator, o exemplo de seu personagem nas telas pode ajudar a fazer as pessoas se acostumarem com a ideia.
— Porque não podemos ter um presidente negro? Somos 47% da população brasileira. Quem sabe este filme não causa uma revolução na cabeça das pessoas! — diz Milton, que completa: — Vale lembrar que quando filmamos o “Segurança nacional” ainda não tinha esta história de Barack Obama. Eu fiz o Dantas antes da onda que veio dos EUA.
Atores de Segurança Nacional. Veja a sinopse aqui.
Mas, como sonhar é livre, já que, ao menos no cinema, Milton faz um presidente, o ator tem na ponta da língua quais seriam suas providências caso mudasse para o Palácio da Alvorada.
— A primeira coisa seria enviar para o congresso um ato exterminando a imoralidade do país. Depois iria restaurar o ensino no Brasil. Por último ia mudar o código penal e acabar com essa história de fingir que prende, que julga. A Justiça e a polícia teriam que trabalhar e funcionar de verdade — diz o idealista Milton Gonçalves, que tem consciência de que dificilmente verá suas ideias virarem realidade: — Eu sei, mas não custa sonhar.

Reportagem de Rodrigo Gomes, em Extra (on line)
http://extra.globo.com/lazer/sessaoextra/post.asp?t=milton-goncalves-presidente-negro-no-brasil-so-em-filme&cod_Post=289711&a=177

terça-feira, 4 de maio de 2010

Exposição sobre África do Sul

Desde a última sexta-feira, 30 de abril, até o dia 23 de maio acontece a exposição Mundo LANCE! – Uma Experiência na África do Sul, no Forte de Copacabana. Contando com um espaço de 2.500 metros quadrados, a exposição faz você embarcar pelo país sede da Copa 2010, por meio de muita tecnologia, interatividade, história e futebol.

A exposição funcionará de terça a domingo, das 9h às 20h, e está inserida no novo conceito de museologia e exposições multimídia que são tendência mundial. Para deleite dos amantes da bola, Mundo LANCE! será um reduto de interatividade, diversão, tecnologia e conhecimento à disposição de milhares de visitantes numa preparação real para a Copa.
Ao entrar no memorial, a exposição “África do Sol” contagia os visitantes por meio de música, que o próprio público controla o som ambiente. O “Expo Copas” traz fotos memoráveis, desde o mundial de 1930, ao som de vinhetas que marcaram épocas. O “Espaço LANCE!”, um ambiente decorado com 13 capas gigantes dos principais fatos que ocorreram no esporte brasileiro, desde 1997, quando foi criado o jornal.
O “Auditório Armando Nogueira”, envolve as pessoas com palestras, entrevistas e filmes, em uma grande tela. O “Espaço Games” é o predileto das crianças, pois jogam videogame, pebolin, futebol de botão, e ainda realizam chutes a gol. Para os adultos há um quiz com milhares de perguntas sobre as Copas do Mundo, para poderem testar seus conhecimentos.

Ingressos a R$ 5,00 (inteira) e R$2,50 (meia) na bilheteria do local: Forte de Copacabana, Praça Coronel Eugênio Franco, 1, Ipanema. 

A entrada é gratuita para alunos da rede pública estadual uniformizados, menores de 6 anos e maiores de 65.